LUTO


A tragédia ocorrida na escola de educação infantil de Cariacica me abalou emocionalmente. Sabendo que crianças inocentes se preparavam para entrar na sala, para descobrir coisas novas e desenvolver tudo aquilo que estão aprendendo, hoje estão amedrontadas e não querem mais ir para a escola, porque agora, escola significa trauma, e esse trauma vai ser difícil apagar de suas memórias. Fico triste por todas as crianças que estavam ali, sinto muito por aquelas que perderam suas vidas, tão novinhas. Sinto por minha amiga Antonieta, pessoa tão amada e feliz, por um dia Deus lhe dar uma filha, tão linda, uma princesinha, Sofia única filha, e hoje não está mais aqui, Deus lhe deu e agora a levou, é um anjinho que está junto com o senhor, seja feita a vontade do pai. Me revolta a incapacidade do homem de construir um local para crianças sem nenhuma segurança. Triste por Antonieta e Sofia, e por toda essa tragédia. Mais resta a consolação que vem do céu, somente essa para consolar os corações daqueles que perderam seus familiares e amigos.


Tragédia em creche

A GAZETA

Carla Nascimento
cnascimento@redegazeta.com.br

Duas crianças mortas, sete feridas e pelo menos uma certeza: não foi uma fatalidade. Ainda não se sabe o que causou o desabamento do telhado do refeitório do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Amélia Virgínia Machado, em Cariacica, quatro anos após a inauguração da unidade. A tragédia deixou toda a comunidade chocada.

O desabamento aconteceu por volta das 13 horas, momento em que os alunos de uma turma cantavam e participam de uma atividade lúdica, uma preparação para ir para a sala de aula. A escola tem 127 alunos, mas três das quatro turmas do turno da tarde já haviam deixado o refeitório. Cerca de 30 crianças continuavam no local quando o telhado caiu.

As investigações para indicar possíveis erros na construção ou outras possíveis causas do acidente começam hoje, no mesmo dia em que duas mães enterram suas filhas, atingidas pelos escombros.

Uma das vítimas, Dâmares Pires dos Santos, 9 anos, não estudava na escola. Ela foi levar a irmã, Laila Cristina, 6, aluna do CMEI. A menina estava acostumada a fazer o trajeto - de menos de 100 metros - entre sua casa e a creche. A mais nova não teve ferimentos e contou para a mãe Kheyciany Pires Santos, 24, sobre a morte de Dâmares.

A outra criança que morreu no local Sofia Schimidt Manhãs, 5 anos. Ela era a única filha de Antonieta Schimidt, diretora da Escola Municipal Talma Sarmento de Miranda, que fica no mesmo município.

Desespero

Logo após o acidente, muitos pais procuraram a escola, desesperados por notícias de seus filhos. Helicópteros da Polícia Militar foram acionados para socorrer as vítimas mais graves.

As ruas do bairro Antônio Ferreira Borges, onde fica a unidade, foram isoladas durante os serviços de resgate das vítimas. A creche fica na esquina da Rua 11 com a Rua 15 e está interditada.

A Prefeitura de Cariacica estuda quais unidades receberão os alunos durante as investigações, mas informa que todos serão transferidos em no máximo dois dias.

Às mães, só restou a dor sem consolo

"Quando recebi a notícia, saí correndo, gritando pela rua achando que minha filha Laila Cristina, de 6 anos, havia morrido. Quando cheguei à escola dei de cara com ela, que falou: foi a Dâmares", lembra a dona de casa Kheyciany Pires Santos, 24, mãe de uma das crianças que morreram na creche.

Kheyciany mudou-se da Serra para Cariacica em julho, com as três filhas - Dâmares, 9, Laila Cristina, 6, e Lívia Vitória, 2 anos. "A creche passou por uma obra há três meses. Eu nem imaginava que isso pudesse acontecer", afirma. O pai de Dâmares está preso, e a família vai pedir autorização para que ele acompanhe o enterro.

"Nesta semana, ela sonhou que a mãe havia morrido. E agora acontece isso", diz o avô da menina, Manoel Pereira Santos, que mora com a filha.

Já a mãe da outra criança morta não conseguia dizer uma palavra. O silêncio de Antonieta Schimidt só foi quebrado durante o reconhecimento do corpo da única filha, Sofia, 5 anos, no Departamento Médico Legal (DML), em Vitória. Do lado de fora, era possível ouvir os gritos dela. Sofia será enterrada em Santa Leopoldina às 15h. Dâmares será velada na Assembleia de Deus, em Colina da Serra.

"Eu estava do lado
de fora e vi muita criança machucada correndo, chorando. Foi um barulho muito feio. Ainda tentei socorrer uma das meninas que faleceram"

"A prefeitura deveria ter mais cuidado, fazer vistoria periodicamente. Criança não sabe se defender. Estou emocionado e muito preocupado"


Os feridos

Levados para o Hospital Infantil em Vitória

Kailaine Caldeira Mateus,
8 anos (suspeita de traumatismo craniano)

Gabriela Caldeira Paula,
9 anos (suspeita de traumatismo craniano)

Warley da Silva Pereira,
5 anos (já teve alta)

Adiel dos Santos Coelho, 5 anos (quebrou o pé e teve alta)

LevadA ao Hospital Infantil de Vila Velha

Wendy Souza, de 5 anos (permanece em observação)

Levados para o Hospital Meridional, em Cariacica

Kainan Conceição Nogueira, 5 anos (foi transferido depois para o Hospital Infantil com estado de saúde estável)

Maria Eduarda Sacco Pereira dos Santos, 5 anos

Duas meninas em estado grave

Das sete crianças levadas para hospitais da Grande Vitória, duas deram entrada no Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória, na Capital, com suspeita de traumatismo craniano: Kailaine Caldeira Mateus, 8 anos, e Gabriela Caldeira Paula, 9. As duas são primas, e, segundo informações da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), o estado de saúde de ambas é grave.

Também foram levados para a mesma unidade Warley da Silva Pereira e Adiel dos Santos Coelho, ambos de 5 anos. Os dois já receberam alta hospitalar. Adiel deixou o hospital com o pé direito engessado.

No Hospital Infantil de Vila Velha, deu entrada Wendy Souza, de 5 anos. A tia da menina, Érica de Souza, informou que a sobrinha não corre risco de morte, mas perdeu quatro dentes e permanece em observação. Para o Hospital Meridional, em Cariacica, foram levadas outras duas crianças: Kainan Conceição Nogueira e Maria Eduarda Sacco Pereira dos Santos, ambos de 5 anos. Kainan foi, em seguida, transferido para o Hospital Infantil de Vitória, e o estado de saúde dele é estável.(Fabiana Oliveira)

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Comentários

Nidi disse…
Que Deus fortaleça à todos para enfrentar esse momento tão triste, principalmente às mães que perderam suas filhas e suas famílias.
Meus sinceros sentimentos*

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